quinta-feira, 17 de julho de 2014

Salomão Seligman, meu pai

Jacob Salomão Seligman, ou Dr. Seligman, como era conhecido, nasceu em Santa Maria, no dia 10 de janeiro de 1923.
 Filho de Israel e Catarina Seligman, ambos nascidos na Bessarabia, então Russia e hoje Moldávia, imigraram para Philippson, então distrito de Santa Maria em 1913, no segundo grupo de colonos judeus que fizeram parte da JKA, financiada pelo aristocrata Belga Barão Hirsh.
Cedo, Israel e Catarina saíram da terra árida de Philippson para comerciar em Santa Maria, onde casaram e tiveram 4 filhos.
Salomão foi o primogênito e criado em torno da família de tios e primos que o tratavam com o carinho do primeiro de sua geração.
Estudou no Colégio Santa Maria, dos Irmãos Maristas até completar o ginasial quando foi para Porto Alegre cursar o colegial no Colégio Julio de Castilhos.
Fascinado pela área de saúde, cursou medicina e formou-se pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, em 1949.
Após formado e já casado com Teresa Weissblüth Seligman mudou-se para Santo Augusto onde iniciou sua clínica médica.
Pouco tempo depois voltou para sua querida e adorada cidade natal, Santa Maria.
No início de sua atividade profissional especializou-se em ginecologia, seguindo os passos de seu tio Abraão Karpilovsky já um médico conceituado na cidade.
Neste período foi contratado pela Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos onde foi chefe, até sua aposentadoria, do Serviço Médico da regional de Santa Maria, no então moderno prédio dos Correios da rua Venâncio Aires.
Nesta época o Professor Mariano da Rocha Filho empreendia a consolidação da Universidade Federal, a primeira em uma cidade de interior no Brasil. Sendo ele também um médico, Dr. Mariano fazia questão de ter uma Faculdade de Medicina na nova UFSM.
Os jovens médicos da cidade foram convidados a se especializarem para assumir as cadeiras do novo curso.
Salomão foi convidado para assumir a cadeira de Urologia, especialidade que ele não era a dele. Não perdeu a oportunidade. Aceitou o desafio e partiu para São Paulo, para especializar-se no Serviço do Professor Geraldo Campos Freire, no Hospital das Clínicas da USP.
Voltou seguro e decidido a seguir exclusivamente a sua nova especialidade. Mudou o consultório onde passou a atender somente os casos de urologia e assumiu o Ambulatório de Urologia do Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo.
Durante este período, nunca deixou de atender de maneira filantrópica o ambulatório da Legião Brasileira de Assistência (LBA), cumprindo o seu compromisso ético, com um humanitarismo muito pessoal que sempre cultivou.
Tempos depois, homem estudioso que era, decidiu fazer outro período de especialização desta vez em Barcelona, na Espanha no Serviço de Urologia do Hospital Santa Cruz y San Pablo dirigido pelo grande médico espanhol Dr. Professor Antoni Puigvert.
Na UFSM, Salomão foi responsável pela Disciplina de Urologia e posteriormente Chefe do Departamento de Cirurgia e Diretor do Centro de Ciências da Saúde.
Em paralelo a sua atividade docente, Salomão Seligman seguia ativo na condução do Ambulatório de Urologia do Hospital de Caridade, quando foi convidado pelo Provedor, Padre Rômulo Zanchi,  para assumir a Direção Clínica do Hospital.
Na área social e esportiva Salomão teve uma atuação importante ao participar do grupo que dirigiu o Avenida Tênis Clube por muitos anos, tendo construído o antigo conjunto de piscinas e a atual sede  social. Na época de sua presidência o ATC teve destaque em suas equipes de futebol de salão e natação.
Dr. Seligman foi reconhecido por sua atividade médica em várias oportunidades, mas a que mais lhe emocionou foi a concedida pelo Rotary Club, quando pode receber seu prêmio ao lado dos seus adorados 4 netos. Não era mais o doutor, era o Vó Mamão que estava sendo homenageado.

Foi gaúcho, gremista, judeu, médico, marido, pai, tio, avó e amigo, com enorme intensidade. Adorava a família e mais ainda ter todos em volta enquanto assava o seu churrasco de domingo.

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